06.04.2025
Tarifas “recíprocas” de Trump não são o que parecem; entenda

As tarifas massivas que o presidente Donald Trump anunciou para dezenas de parceiros comerciais na última quarta-feira (2) foram apresentadas como “recíprocas”, visando simplesmente igualar as tarifas que outros países cobram dos Estados Unidos.
Mas a metodologia por trás da tentativa de Trump de reequilibrar o comércio não tem nada a ver com a tarifa que os países estrangeiros impõem aos EUA.
A administração Trump, em vez disso, fez um cálculo extremamente simplificado que, segundo ele, levou em conta um amplo conjunto de questões como investimento chinês, suposta manipulação de moeda e regulamentações de outros países. O cálculo da administração dividiu o déficit comercial de um país com os EUA por suas exportações para o país, multiplicado por 1/2. Só isso.
O presidente está basicamente usando um marreta para lidar com uma lista de queixas, usando o déficit comercial que outros países têm com os EUA como bode expiatório. E o cálculo vago pode ter amplas implicações para países dos quais os EUA dependem para obter bens — e para as empresas estrangeiras que os fornecem.
“Não parece ter havido nenhuma tarifa usada no cálculo da taxa”, disse Mike O’Rourke, estrategista-chefe de marketing da Jones Trading, em nota aos investidores na quarta-feira. “A administração Trump está mirando especificamente em nações com grandes superávits comerciais com os Estados Unidos em relação às suas exportações para o país.”
Os números reais provavelmente estão mais próximos da “taxa tarifária média aplicada pela Nação Mais Favorecida (NMF)”, que é essencialmente um teto de impostos de importação que mais de 160 nações da Organização Mundial do Comércio concordaram em cobrar umas das outras, embora possam variar por setor. E para países com acordos comerciais em vigor, pode haver tarifas menores ou nenhuma.